Pe. José de Castro Oliveira
pe.castro@espiritanos.org
Cabe-nos celebrar e viver a Festa do Pentecostes em plena campanha eleitoral, situação que, na parte final do ano, se vai repetir por mais duas vezes. E, como sabemos, estes períodos eleitorais são marcados por uma inundação e um bombardeamento de discursos, de afirmações, de acusações e de promessas ocas, às quais vai correspondendo uma insensibilidade progressiva dos cidadãos, traduzida numa abstenção galopante e no descrédito inexorável dos políticos e das palavras.
O risco maior, porém, é ainda mais preocupante. É que vivendo nós mergulhados em tantas ‘in-verdades’ e abundando os mercados onde não faltam as ‘meias-verdades’ – que são as piores das mentiras – a reacção mais natural é deixar-se cair no indiferentismo e num relativismo, em que cada um constrói a sua verdade, à sua medida e conveniência, da qual até podem fazer parte gestos de generosidade e de solidariedade, mas sempre em doses reduzidas e ao ritmo dos impulsos pessoais, ou como resposta a situações extraordinárias e extremas.
Mas, por mais que o nosso tempo queira ‘fabricar’ um mundo tele-visionado, em que se oferecem mil e uma ilusões de felicidade e de solução dos graves problemas que afectam as nossas vidas no seu dia-a-dia, a verdade é que a realidade continua aí, nua e crua, com muito pouco de cor de rosa. Que o digam os milhares de desempregados que, de um dia para o outro, acordam no olho da rua e com inúmeras prestações a saldar no final de cada mês!
Por isso, desilusão, desencanto e desorientação encontram-se em cada vez mais pessoas em plena rua, sem ser mesmo preciso virar qualquer esquina.
Mas, não são só os políticos que nos querem falar. Também Deus nos quer falar, através do dom do Espírito Santo, pois só com a sua luz nos será possível descortinar a verdade no meio de tanta confusão e ilusão; só com a força do Espírito Santo, nos será possível manter o rumo certo, no meio de tanta desorientação!
De facto, só com Ele conseguiremos falar a linguagem que toda a gente entenda: a linguagem da paz, do perdão, da solidariedade para com todos e em todas as circunstâncias. Só com Ele teremos forças para vencer a ‘dis-córdia’ dos egoísmos e do ‘salve-se quem puder’ e construir a ‘con-córdia’ da fraternidade universal, em cuja mesa haja lugar para todos.
Deixemos soprar em nós o vento forte do Espírito Santo e veremos como Ele é capaz de renovar a face da Terra!
Neste Ano Paulino, façamo-nos como Paulo “prisioneiros do Espírito” (Act.20, 22), para deixarmos actuar em nós este Espírito renovador!
fonte: www.espiritanos.org
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