A Liga Intensificadora da Acção Missionária (LIAM) nasceu em Fátima a 13 de Maio de 1937, quando a Igreja em Portugal celebrava os 20 anos das Aparições. 70 anos depois, a LIAM tem cerca de 300 Grupos Missionários em outras tantas Paróquias, em todo o País.
1. A prioridade dos leigos na missão da Igreja
A LIAM nasceu como movimento missionário de leigos e foi como tal que ela marcou a Igreja portuguesa. Todos os ministérios e tarefas do Grupo, excepção feita ao assistente, são efectivamente confiados aos leigos.
Tratava-se de uma visão inovadora para a época em que ela nasceu, pois que nessa altura o cuidado e a responsabilidade da evangelização missionária estava, em grande parte, reservada aos institutos missionários. O espaço que o Vaticano II concedeu aos leigos na actividade missionária da Igreja não estava ainda assumido quando a LIAM foi lançada.
A LIAM tem o seu ponto de referência-chave no pequeno Grupo, e só esta estrutura a manteve viva e eficiente. É no Grupo que se programam as actividades, se lançam as iniciativas e se vencem os desânimos e as dificuldades. É sobretudo o grupo que dá ao compromisso missionário um carácter permanente.
2. O protagonismo missionário da Igreja local
É outra vertente em que a LIAM foi pioneira: o quadro normal da LIAM é o quadro paroquial Mesmo se o movimento está ligado a uma Congregação Missionária e dela depende, as suas actividades desenvolvem-se no quadro da paróquia e em comunhão com ela. O pároco é o assistente do grupo e da sua autorização estão dependentes todas as suas actividades. Não se trata, portanto, de uma actividade paralela no espaço paroquial. Segundo os Estatutos, a LIAM para ser fundada precisa da anuência da competente autoridade eclesiástica, a qual poderá dissolver o Grupo bem como a sua direcção ou qualquer dos elementos. A criação de delegados diocesanos, de recente decisão, veio vincular ainda mais a LIAM à Igreja local.
3. A aposta na juventude
A opção pela juventude tem sido também uma das constantes que, desde o início, acompanha a história da LIAM. Ao lado da paróquia, os colégios e estabelecimentos de ensino, foram um dos espaços onde a LIAM mais investiu. Gerações sucessivas de estudantes foram marcadas por esta nortada missionária, que está na origem muitas vocações. Foram inúmeros os retiros de jovens, os "Cursos da Juventude Missionária", os "Cursos de Formação" para jovens e adolescentes que a LIAM promoveu. O aparecimento de grupos de ‘Jovens Sem Fronteiras’, prova esta aposta da LIAM na juventude.
4. A sensibilidade aos meios de comunicação social
A LIAM nasceu a partir de um jornal e esta sensibilidade aos meios de comunicação social foi outra constante da sua história.
Na imprensa é toda uma série de publicações que a acompanharam e foram evoluindo com a caminhada dos tempos: o Entre Nós passou para Acção Missionária e depois apareceram Portugal em África e Encontro.
Quanto a publicações pontuais contam-se por dezenas os títulos e por centenas de milhares os exemplares distribuídos por todo o país. Sem esquecer o ‘Calendário’, o ‘Almanaque’ e a ‘Agenda’ das Missões.
Este primeiro areópago da missão, de que fala João Paulo II, foi de facto uma das tribunas que a LIAM sempre preferiu para mobilizar a Igreja portuguesa na linha da sua vocação missionária.
5. A solidariedade ou comunhão com as igrejas em dificuldade
A ajuda material a igrejas ou situações humanas em dificuldade foi outra das preocupações da LIAM. Apoiou a construção de seminários em Portugal e de igrejas no ‘Ultramar, escolas e infantários e centros de saúde. Compraram-se geradores e meios de transporte. Todos os anos, se lançaram novas campanhas para responder a apelos e situações gritantes que reclamam a sua colaboração.
Recolheu-se material escolar e de saúde, roupas, Bíblias, alfaias religiosas, num ritmo nunca esmorecido. Nos anos recentes, a situação de guerra que se viveu em Angola e Moçambique lançou o povo numa miséria generalizada e a Congregação do Espírito Santo organizou um movimento de solidariedade para essas situações a que a LIAM aderiu desde a primeira hora.
6. A Espiritualidade Espiritana
A LIAM, nascida para fomentar o espírito missionário do povo de Deus, tem uma marca de origem: o carisma dos missionários do Espírito Santo.
Cada instituto missionário insiste numa determinada face da missão comum da Igreja, que o Espírito Santo inspirou ao seu fundador. É desta colaboração e partilha que brota a plenitude do rosto missionário de Cristo. Todos não somos demais para revelar a beleza desse rosto.
Esta maneira de ler a missão que os Espiritanos receberam dos seus fundadores passa para a LIAM. É uma Espiritualidade que une os Espiritanos, as Espiritanas, os liamistas e todos os outros Movimentos e dinamismos da grande Família Espiritana.
Podemos concluir dizendo que esta leitura retrospectiva do itinerário da LIAM aponta, efectivamente, para um futuro onde a criatividade e a novidade de Deus são o seu maior desafio.
A. Torres Neiva / Tony Neves
(fonte: ecclesia)
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